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'Outdoor' obsoleto jaz de pé...

Terça-feira, 05.08.14

Ainda pela mesma localidade, mais propriamente na Avenida 1º de Maio, junto à confluência da Rua Jerónimo Costa e Avenida Aldeia de Paio Pires, o Blog do Povo deixa aqui documentada fotograficamente uma situação lamentável que se arrasta há anos. Trata-se de um 'outdoor' sobre as festas taurinas, colocado por uma das forças partidárias na oposição e que, tal como podemos constatar, já nada se consegue vislumbrar dado o avançado estado de degradação do mesmo. A questão aqui - políticas à parte e nem fazendo ideia de quem é a culpa - é que o referido 'outdoor' mancha e de que maneira o aspecto paisagístico naquele espaço, pelo que ontem já era tarde no que toca à imediata retirada do mesmo, até porque actualmente já só serve para ostentar escritos desadequados no que concerne ao respeito pelo próximo. À atenção dos responsáveis... Obrigado!

  

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publicado por oblogdopovo às 08:39

Festas da Aldeia! Um sucesso que se repete...

Segunda-feira, 04.08.14
A terminar, um fim-de-semana recheado... Largadas taurinas, folclore com as Estrelinhas do Sul de Paio Pires, noite da sardinha assada com o desfile da Charanga Lusitana por vários pontos, Vítor Ginja, Cavalhadas, Ciclismo, Procissão em honra de Nossa Senhora da Anunciada e, a encerrar musicalmente com chave de ouro, Romana! Enfim, só apetece dizer... que venha 2015!

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publicado por oblogdopovo às 12:58

Participação orgulhosa e positiva

Quarta-feira, 27.06.12

A SUPERAÇÃO DAS EXPECTATIVAS_______________________________________

                                                                                                                                                                 Valdemar Marques

Já fomos... perspectivam-se pelo menos 48 horas de "depressão" nacional, demagogia barata, "caça às bruxas", populismo desmedido e análises meticulosas "catedráticas" que procuram, mais uma vez, descobrir em teoria o caminho marítimo para mais um presumível "falhanço" do futebol português. A frustração toca a todos, mais ou menos iletrados e manifesta-se de várias formas... no fundo, pela campanha ascendente que fizemos e pelos maus augúrios que os oráculos nos destinavam, até entendo que superámos as expectativas. Não vou dizer nada em desabono de jogadores ou seleccionador. Essas questões serão "esmifradas" por quem de direito até  à exaustão. Os "abutres" andaram esvoaçando impacientemente... podem agora finalmente pousar e desfrutar da sua tão ansiada refeição! Mas com um sabor amargo... Já o disse, na minha opinião, participação positiva... com os recursos disponiveis. Para os menos sensatos, morre o sonho e emerge a estupidez...!


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publicado por oblogdopovo às 23:51

Previsão se as legislativas fossem hoje

Sexta-feira, 08.06.12

RESULTADOS ELEITORAIS OCULTADOS NO CASO DO SUFRÁGIO SER AGORA

Foi conhecida há poucos dias atrás - mas não pelas vias oficiais - esta aparentemente polémica sondagem, na qual podemos analisar qual seria a composição aproximada do parlamento. Um PSD fragilizado já para não falar no CDS reduzido a pouco mais de três pontos percentuais, indiciam desde logo uma improvável repetida vitória da direita em Portugal. Ao invés e para apreensão de muitos, a CDU aparece de novo como terceira força política com aproximadamente dois dígitos e portanto trata-se de um facto que, por si só, incomoda muito capitalista cá do burgo. Devem até questionar-se no seu seio porque motivo não 'morre' o PCP por si só.

 

Assim, tendo em conta esta projecção, vamos ficar atentos aos próximos acontecimentos mas... podem até acalmar-se os mais preocupados magnatas 'tugas' pois a hora é de futebol e, se bem conheço o nosso povo menos identificado com a sociedade, durante as próximas semanas pouco ou nada se falará nisto e provavelmente morrerá sem sequer ter nascido. Um bem haja e viva Portugal...!

 

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publicado por oblogdopovo às 03:00

Paio Pires FC despromove Alcacerense

Segunda-feira, 04.06.12

Realizou-se este domingo a derradeira jornada do Campeonato Distrital da 1ª Divisão na AF Setúbal. Naquele que seria para o Paio Pires, apenas e só, um jogo para cumprir calendário, acabou por se revestir de uma importância extrema na última decisão sobre quem descia... Alcacerense ou 1º de Maio. Os homens de Sarilhos tinham, à partida, tarefa mais fácil dado que recebiam o já despromovido Luso FC (Barreiro). Assim, só a vitória interessava ao conjunto de Alcácer mas, desde cedo, se percebeu quem mandaria na contenda. Os paiopirenses - tal como O BLOG DO POVO presenciou - apresentaram uma formação desinibida e, de tal maneira personalizada, que baralhou completamente os visitados, obrigando estes a um futebol pouco fluído e sem resultados práticos. Luís Almeida, Bruno Martinho e André Brites selaram o 1-3 com que terminou o encontro. Destaco ainda a falta de fair-play das gentes da casa que, de cabeça perdida, não só atiraram um petardo à massa associativa do Paio Pires, como também tentaram e quiçá agrediram o trio de arbitragem. Cenas lamentáveis que em nada dignificam o desporto numa 'guerra' que já vinha da temporada anterior, despoletada pelos adeptos do Alcacerense e que, em abono da verdade, me leva a dizer ter-se escrito direito por linhas tortas e, desta forma, a descida de divisão afigura-se como o justo prémio para quem não sabe minimamente estar no futebol.

Da esquerda para a direita: Telmo, Gelson, Moreira, Longo, Bruno, João Lourenço, Laranjeira, Rafa, Brites, Luís Almeida e Ricardo.

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publicado por oblogdopovo às 09:15

Futebol: Portugal ridicularizado

Domingo, 03.06.12

Evito, nos tempos conturbados que correm, falar de futebol... Mas hoje não resisto pois, a poucos dias do início de uma grandiosa competição como é o Europeu, sinto com o meu instinto de quem percebe alguma coisa de bola e dos seus meandros que algo não vai bem no seio da nossa Seleção! E porquê, é o que vou tentar explanar sem me alongar em demasia...


 

 

No meu tempo - e não sou assim tão velho - era algo impensável um qualquer jogador profissional, em actividade, vir a público através de conferência de imprensa, anunciar que já não estaria capaz de representar a equipa das quinas. Posso estar enganado mas, a meu ver, a Seleção é a 'tropa' do futebolista português e, se o treinador entender convocar, a decisão só tem é de ser acatada! 

 

E quando eu afirmo que algo vai mal no seio do nosso conjunto, estou infelizmente a lembrar-me do que vi este sábado aquando do hino nacional. Miguel Veloso, que até me parece um indivíduo vertical na vida, não estava nem aí na hora de entoar 'A Portuguesa', facto que para mim é no mínimo inconcebível. É um jogador razoável - longe da qualidade do pai - mas que, tecnicamente, está longe de caber nestes 23 sendo que, após esta falta de patriotismo inacreditável (para não chamar desrespeito), deveria o Presidente da Federação chegar-se à frente e afastar o visado deste lote, abrindo até uma vaga a alguém com maior valia e que pudesse 'emprestar' uma alma diferente para melhor àquele meio-campo ultra remendado.

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publicado por oblogdopovo às 01:46

Por uma questão de cidadania

Sexta-feira, 01.06.12

 

 

 

 

 

 

 

Dias Loureiro... Não tem que se esconder de nada. Não é arguido de coisa alguma! Ainda por cima pertencia ao 'grupo dos protegidos' de Cavaco Silva que terá dito confiar plenamente neste 'senhor' quando ele era membro do Conselho de Estado. Que Loureiro tem o tal empreendimento em Cabo Verde... tem, que o conheço. Mas viver lá não vive! Vive no Estoril numa das casas que era do grande empresário Jorge de Mello e, ao que alegadamente se consta, é também proprietário de mais um lote anexo (tudo em nome de Sociedades Off-Shore). Vive sem se esconder - pois nem pingo de vergonha tem - na sua mansão do Estoril bem perto da Escola de Hotelaria, com uma excelente piscina sempre aquecida, casa de bonecas com ar condicionado - vinda de um qualquer país nórdico - no jardim para a neta, com um casal de caseiros vindos da Colômbia expressamente para o cargo (muito útil pois não sabem uma palavra de português), a esposa actual Xana - durante anos uma das muitas amantes que tinha - a quem oferecia carros topo de gama, esbanja em compras para ela e amigos (botas, roupas, animais - cada coisa na ordem dos 600 euros, simples 'prendinhas' numa tarde de ir às compras). Ele oferece jantares em restaurantes 'in', caçadas no Alentejo a amigos e passeia às 'escancaras' por Cascais/Estoril. Dizem para aí que é conselheiro particular de Passos Coelho e Miguel Relvas mas devem ser coisas das... 'más línguas'! E há muito mais mas... em Cabo Verde não está. Ao menos, caso se escondesse lá, era porque lhe restava alguma ponta de vergonha. Sei o que digo; não é notícia da 'net'. É conhecimento de causa - testemunhada.

  

ADIVINHA DO DIA...

 

- Tem um processo de investigação em curso,

- Negou coisas que o seu chefe disse,

- Esteve muito ligado a um grande Partido,

- Sabe fazer umas 'cantarolas'

- Também sabe jogar golfe,

- Desde há uns meses nunca mais se ouviu falar dele.

 

Resposta... Dias Loureiro! Há 30 anos era um 'advogadeco pé rapado' em Coimbra e vive actualmente à grande e à 'fartazana'. É o dono do maior e mais luxuoso 'resort' turístico da Ilha do Sal. É naquela ilha daquele país africano, onde o BPN criou umas 'sucursais' e um Banco mais ou menos virtual, que se faziam umas operações de lavagem e fugas ao fisco. Alguém dá por ele na nossa imprensa? O que nos leva a pensar tal esquecimento!? Como vêem é fácil fazer esquecer um roubo superior a mais de 5 mil milhões de euros, quando se tem amigos... por todo o lado. O BPN não era conhecido como o Banco do PPD onde Cavaco - uma espécie de 'gato escondido com o rabo de fora' - foi favorecido com o ganho de uns milhares, o mesmo acontecendo com a 'negociata da Coelha', em Albufeira, com gente da sua confiança política. Não terá Cavaco que dar umas 'explicaçõezitas' à justiça? E todos os que obtiveram fortunas fabulosas em poucos anos, além destes que por aí há!? Que espécie de país é este!!? Vá passando... para os esquecidos se irem lembrando! Quem disse que em Portugal há justiça?

 

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publicado por oblogdopovo às 05:54

CSI Lisboa - cenas dos próximos capítulos

Quinta-feira, 31.05.12
Já que estamos numa fase de polémicas, transcrevo aqui esta publicação do meu amigo Edgar Malveiro no 'Facebook' - com o aval do próprio - na qual se levantam questões tão sérias quanto pertinentes...
 
Quando a PIDE caiu muitos portugueses dirigiram-se às suas instalações para saber se o seu nome constava nos ficheiros. É natural que também agora muitos portugueses estejam interessados em conhecer a sua ficha, só que ainda não se percebeu muito bem se devem dirigir-se ao gabinete do Relvas, à sede da Ongoing, ou ao gabinete de Passos Coelho para onde também terão sido enviadas fichas, como sucedeu com a do Bernardo Bairrão.

Assim, faria sentido que o governo informasse os portugueses através do seu 'site', ou mesmo nos blogues dos assessores e adjuntos de Miguel Relvas, sobre o local onde devem dirigir-se para saberem a que conclusões chegaram os novos agentes da 'PIDE'.

«Num 'mail' enviado de Silva Carvalho para Paulo Félix (à data funcionário da Ongoing e ex-PJ), a 4 de Setembro de 2011, Francisco Pinto Balsemão, presidente da Impresa, aparece com um nome de código: Balsinhas. Nele, Silva Carvalho pede que vejam “em fontes abertas” tudo o que há “sobre o Balsinhas”, em particular sobre os empréstimos que tinha, em que bancos e quando venciam. Silva Carvalho argumenta que essa informação interessava à estrutura financeira e económica da Ongoing. Tempos depois, recebe um relatório detalhado de 31 páginas sobre Balsemão, que incluía uma cronologia com dados importantes da sua biografia, uma colectânea de recortes dos jornais, listas de amigos, inimigos, aliados e até considerações sobre a sua performance sexual.

Confrontado com estas informações que constam do processo-crime, Pinto Balsemão disse nunca ter suspeitado que tinha sido espiado e comparou esta situação a uma outra desencadeada pela PIDE.

Em declarações ao 'i', Balsemão disse estar indignado: “Ainda recentemente consultei os relatórios que a PIDE fez quando me espiava. Agora, quando vivemos em democracia, é muito mais grave. Nunca pensei que chegássemos a este ponto numa sociedade de direito democrático”.

O processo confirma ainda que um grupo dentro da Ongoing terá dado início a uma campanha no 'twitter' para difamar Balsemão: foram 1500 'tweets', com 900 're-tweets'.

Pelo menos uma vez terão sido usados meios ilegais para conhecer a vida privada de empresários concorrentes como “o estado de inquéritos criminais”, a “identificação de titulares de endereços de IP” e de “proprietários de veículos através da matrícula”. Mas os investigadores não conseguiram descobrir a quem se referia as iniciais N.C., a tal pessoa que a Ongoing mandou investigar.

Noutra situação, um ex-agente ao serviço da Ongoing serviu-se do estatuto de inspector da PJ “para obter o pagamento de uma dívida” em benefício de Isabel Rocha dos Santos. A mulher acabaria por pagar a dívida de quatro mil euros que teria servido para comprar um aspirador». [i]

«Silva Carvalho, o ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), apanhado no caso das secretas, fez jogos de charme junto de dirigentes político-partidários e não só, a fim de se insinuar para chefe máximo dos Serviços de Informações. Nos autos, consta um 'sms' enviado a Marco António Costa, à data vice-presidente do PSD, mostrando que o ex-espião tinha outras ambições ainda maiores: chegar a ministro. Só não revelava qual a pasta que desejava ocupar.

Nessa mensagem, enviada a 13 de Maio de 2011, nas vésperas das eleições legislativas, Silva Carvalho insinuava que o vice do PSD estaria a travar a sua vontade de ser ministro ou secretário-geral do SIRP. Apesar do grau de confiança que parecia existir entre os dois, já que Silva Carvalho o trata por tu, o homem do PSD e também membro de uma loja maçónica, parece que nem sequer tinha aquele número de telemóvel do ex-espião gravado». [i]

Parecer:

Que pena o rapaz não ter chegado a ministro...
 
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se se iam transformar a Madeira em Tarrafal».

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publicado por oblogdopovo às 14:49

Recorde de visitas registado ontem

Quarta-feira, 30.05.12

A todos os seguidores desta página deixo os votos de muito bom dia. Não ficaria bem comigo mesmo se deixasse passar em claro que, durante as 24 horas de ontem, o 'Blog do Povo' registou um novo máximo de visualizações, que se cifrou em exatamente 543 visitas. Jamais tinha testemunhado tal fluxo. Fruto da minha maior atividade recente mas também, principalmente, devido à publicação desse artigo de Miguel Esteves Cardoso sobre a Festa do Avante, tão polémico e verdadeiro que demonstrou poder abalar facilmente com as consciências deste povo - para lá do comunista - tão envergonhado em, por vezes, admitir certas e determinadas evidências. Fica o meu obrigado e uma nova responsabilidade... A de me empenhar ainda e cada vez mais na continuação deste projeto que sozinho abracei, no intuito de ser mais um espaço válido de opinião que não caia por si mesmo na mediocridade cada vez mais patente em vários pontos da nossa sociedade. Obrigado!

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publicado por oblogdopovo às 09:29

Uma aventura dentro do comunismo real

Terça-feira, 29.05.12

"Dizem-se muitas mentiras acerca da Festa do Avante! Estas são as mais populares: que é irrelevante; que é um anacronismo; que é decadente; que é um grande negócio disfarçado de festa; que já perdeu o conteúdo político; que hoje é só comes e bebes.

Já é a segunda vez que lá vou e posso garantir que não é nada dessas coisas e que não só é escusado como perigoso fingir que é. Porque a verdade verdadinha é que a Festa do Avante faz um bocadinho de medo.

O que se segue não é tanto uma crónica sobre essa festa como a reportagem de um preconceito acerca dela - um preconceito gigantesco que envolve a grande maioria dos portugueses. Ou pelo menos a mim.

Porque é que a Festa do Avante faz medo?

É muita gente; muita alegria; muita convicção; muito propósito comum. Pode não ser de bom-tom dizê-lo, mas o choque inicial é sempre o mesmo: chiça! Afinal os comunistas são mais que as mães. E bem-dispostos. Porquê tão bem dispostos? O que é que eles sabem que eu ainda não sei?

É sempre desconfortável estar rodeado por pessoas com ideias contrárias às nossas. Mas quando a multidão é gigante e a ideia é contrária é só uma só – então, muito francamente, é aterrador.

Até por uma questão de respeito, o Partido Comunista Português merece que se tenha medo dele. Tratá-lo como uma relíquia engraçada do século XX é uma desconsideração e um perigo. Mal por mal, mais vale acreditar que comem criancinhas ao pequeno-almoço.

Bem sei que a condescendência é uma arma e que fica bem elogiar os comunistas como fiéis aos princípios e tocantemente inamovíveis, coitadinhos.

É esta a maneira mais fácil de fingir que não existem e de esperar, com toda a estupidez que, se os ignoramos, acabarão por se ir embora.

As festas do Avante, por muito que custe aos anticomunistas reconhecê-lo, são magníficas.

É espantoso ver o que se alcança com um bocadinho de colaboração. Não só no sentido verdadeiro, de trabalhar com os outros, como no nobre, que é trabalhar de graça.

A condescendência leva-nos a alvitrar que “assim também eu” e que as festas dos outros partidos também seriam boas caso estivessem um ano inteiro a prepará-las. Está bem, está: nem assim iam lá. Porque não basta trabalhar: também é preciso querer mudar o mundo. E querer só por si, não chega. É preciso ter a certeza que se vai mudá-lo.

Em vez de usar, para explicar tudo, o velho chavão da “capacidade de organização” do velho PCP, temos é que perguntar porque é que se dão ao trabalho de se organizarem.

Porque os comunistas não se limitam a acreditar que a história lhes dará razão: acreditam que são a razão da própria história. É por isso que não podem parar; que aguentam todas as derrotas e todos os revezes; que são dotados de uma avassaladora e paradoxalmente energética paciência; porque acreditam que são a última barreira entre a civilização e a selvajaria. E talvez sejam. Basta completar a frase "se não fossem os comunistas, hoje não haveria"... e compreende-se que, para eles, são muitas as conquistas meramente "burguesas" que lhes devemos, como o direito à greve e à liberdade de expressão.

É por isso que não se sentem “derrotados”. O desaparecimento da URSS, por exemplo, pode ter sido chato mas, na amplitude do panorama marxista-leninista, foi apenas um contratempo. Mas não é só por isso que a Festa do Avante faz medo. Também porque é convincente. Os comunas não só sabem divertir-se como são mestres, como nunca vi, do à-vontade. Todos fazem o que lhes apetece, sem complexos nem receios de qualquer espécie. Até o 'show off' é mínimo e saudável.

Toda a gente se trata da mesma maneira, sem falsas distâncias nem proximidades. Ninguém procura controlar, convencer ou impressionar ninguém. As palavras são ditas conforme saem e as discussões são espontâneas e animadas. É muito refrescante esta honestidade. É bom (mas raro) uma pessoa sentir-se à vontade em público. Na Festa do Avante é automático.

Dava-nos jeito que se vestissem todos da mesma maneira, dissessem e fizessem as mesmas coisas - paciência. Dava-nos jeito que estivessem eufóricos; tragicamente iluminados pela inevitabilidade do comunismo - mas não estão. Estão é fartos do capitalismo - e um bocadinho zangados.

Não há psicologias de multidões para ninguém: são mais que muitos, mas cada um está na sua. Isto é muito importante. Ninguém ali está a ser levado ou foi trazido ou está só por estar. Nada é forçado. Não há chamarizes nem compulsões. Vale tudo até o aborrecimento. Ou seja: é o contrário do que se pensa quando se pensa num comício ou numa festa obrigatória. Muito menos comunista.

Sabe bem passear no meio de tanta rebeldia. Sabe bem ficar confuso. Todos os portugueses haviam de ir de cinco em cinco anos a uma Festa do Avante, só para enxotar estereótipos e baralhar ideias. Convinha-nos pensar que as comunas eram um rebanho mas a parecença é mais com um jardim zoológico inteiro. Ali uma zebra; em frente um leão e um flamingo; aqui ao lado uma manada de guardas a dormir na relva.

Quando se chega à Festa o que mais impressiona é a falta de paranóia. Ninguém está ansioso, a começar pelos seguranças que nos deixam passar só com um sorriso, sem nos vasculhar as malas ou apalpar as ancas. Em matéria de livre trânsito, é como voltar aos anos 60.

Só essa ausência de suspeita vale o preço do bilhete. Nos tempos que correm, vale ouro. Há milhares de pessoas a entrar e a sair mas não há bichas. A circulação é perfeitamente sanguínea. É muito bom quando não desconfiamos de nós.

Mesmo assim tenho de confessar, como reaccionário que sou, que me passou pela cabeça que a razão de tanta preocupação talvez fosse a probabilidade de todos os potenciais bombistas já estarem lá dentro, nos pavilhões internacionais, a beber copos uns com os outros e a divertirem-se.

A Festa do Avante é sempre maior do que se pensa. Está muito bem arrumada ao ponto de permitir deambulações e descobertas alegres. Ao admirar a grandiosidade das avenidas e dos quarteirões de restaurantes, representando o país inteiro e os PALOP, é difícil não pensar numa versão democrática da Exposição do Mundo Português, expurgada de pompa e de artifício. E de salazarismo, claro.

Assim se chega a outro preconceito conveniente. Dava-nos jeito que a festa do PCP fosse partidária, sectária e ideologicamente estrangeirada. Na verdade, não podia ser mais portuguesa e saudavelmente nacionalista.

O desaparecimento da União Soviética foi, deste ponto de vista, particularmente infeliz por ter eliminado a potência cujas ordens eram cegamente obedecidas pelo PCP.

Sem a orientação e o financiamento de Moscovo, o PCP deveria ter também fenecido e finado. Mas não: ei-lo. Grande chatice.

Quer se queira quer não (eu não queria), sente-se na Festa do Avante que está ali uma reserva ecológica de Portugal. Se por acaso falharem os modelos vigentes, poderemos ir buscar as sementes e os enxertos para começar tudo o que é Portugal outra vez.

A teimosia comunista é culturalmente valiosa porque é a nossa própria cultura que é teimosa. A diferença às modas e às tendências dos comunistas não é uma atitude: é um dos resultados daquela persistência dos nossos hábitos. Não é uma defesa ideológica: é uma prática que reforça e eterniza só por ser praticada. (Fiquemos por aqui que já estou a escrever à comunista).

A Exposição do Mundo Português era “para inglês ver”, mas a Festa do Avante em muitos aspectos importantes, parece mesmo inglesa. Para mais, inglesa no sentido irreal. As bichas, direitinhas e céleres, não podiam ser menos portuguesas. Nem tão-pouco a maneira como cada pessoa limpa a mesa antes de se levantar, deixando-a impecável.

As brigadas de limpeza por sua vez, estão sempre a passar, recolhendo e substituindo os sacos do lixo. Para uma festa daquele tamanho, com tanta gente a divertir-se, a sujidade é quase nenhuma. É maravilhoso ver o resultado de tanto civismo individual e de tanta competência administrativa. Raios os partam.

Se a Festa do Avante dá uma pequena ideia de como seria Portugal se mandassem os comunistas, confessemos que não seria nada mau. A coisa está tão bem organizada que não se vê. Passa-se o mesmo com os seguranças - atentos mas invisíveis e deslizantes, sem interromper nem intimidar uma mosca.

O preconceito anticomunista dá-os como disciplinados e regimentados – se calhar, estamos a confundi-los com a Mocidade portuguesa. Não são nada disso. A Festa funciona para que eles não tenham de funcionar. Ao contrário de tantos festivais apolíticos, não há pressa; a ansiedade da diversão; o cumprimento de rotinas obrigatórias; a preocupação com a aparência. Há até, sem se sentir ameaçado por tudo o que se passa à volta, um saudável tédio, de piquenique depois de uma barrigada, à espera da ocupação do sono.

Quando se fala na capacidade de “mobilização” do PCP pretende-se criar a impressão de que os militantes são autómatos que acorrem a cada toque de sineta. Como falsa noção, é até das mais tranquilizadoras. Para os partidos menos mobilizadores, diante do fiasco das suas festas, consola pensar que os comunistas foram submetidos a uma lavagem ao cérebro.

Nem vale a pena indagar acerca da marca do champô.

Enquanto os outros partidos puxam dos bolsos para oferecer concertos de borla, a que assistem apenas familiares e transeuntes, a Festa do Avante enche-se de entusiásticos pagadores de bilhetes.

E porquê? Porque é a festa de todos eles. Eles não só querem lá estar como gostam de lá estar. Não há a distinção entre “nós” dirigentes e “eles” militantes, que impera nos outros partidos. Há um tu-cá-tu-lá quase de festa de finalistas.

É um alívio a falta de entusiasmo fabricado – e, num sentido geral de esforço. Não há consensos propostos ou unanimidades às quais aderir. Uns queixam-se de que já não é o que era e que dantes era melhor; outros que nunca foi tão bom.

É claro que nada disto será novidade para quem lá vai. Parece óbvio. Mas para quem gosta de dar uma sacudidela aos preconceitos anticomunistas é um exercício de higiene mental.

Por muito que custe dize-lo, o preconceito - base, dos mais ligeiros snobismos e sectarismos ao mais feroz racismo, anda sempre à volta da noção de que “eles não são como nós”. É muito conveniente esta separação. Mas é tão ténue que basta uma pequena aproximação para perceber, de repente, que “afinal eles são como nós”.

Uma vez passada a tristeza pelo desaparecimento da justificação da nossa superioridade (e a vergonha por ter sido tão simples), sente-se de novo respeito pela cabeça de cada um.

Espero que não se ofendam os sportinguistas e comunistas quando eu disser que estar na Festa do Avante foi como assistir à festa de rua quando o Sporting ganhou o campeonato. Até aí eu tinha a ideia, como sábio benfiquista, que os sportinguistas eram uma minúscula agremiação de queques em que um dos requisitos fundamentais era não gostar muito de futebol.

Quando vi as multidões de sportinguistas a festejar – de todas as classes, cores e qualidades de camisolas -, fiquei tão espantado que ainda levei uns minutos a ficar profundamente deprimido.

Por outro lado, quando se vê que os comunistas não fazem o favor de corresponder à conveniência instantaneamente arrumável das nossas expectativas – nem o PCP é o IKEA -, a primeira reacção é de canseira. Como quem diz: ”Que chatice – não só não são iguais ao que eu pensava como são todos diferentes. Vou ter de avaliá-los um a um. Estou tramado. Nunca mais saio daqui.”

Nem tão pouco há a consolação ilusória do 'pick and choose'.

... É uma sólida tradição dizer que temos de aprender com os comunistas... Infelizmente é impossível. Ser-se comunista é uma coisa inteira e não se pode estar a partir aos bocados. A força dos comunistas não é o sonho nem a saudade: é o dia-a-dia; é o trabalho; é o ir fazendo; e resistindo, nas festas como nas lutas.

Há uma frase do Jerónimo de Sousa no comício de encerramento que diz tudo. A propósito de Cuba (que não está a atravessar um período particularmente feliz), diz que “resistir já é vencer”.

É verdade – sobretudo se dermos a devida importância ao “já”. Aquele “já” é o contrário da pressa, mas é também “agora”.

Na Festa do Avante não se vêem comunistas desiludidos ou frustrados. Nem tão pouco delirantemente esperançosos. A verdade é que se sente a consciência de que as coisas, por muito más que estejam, poderiam estar piores. Se não fossem os comunistas: eles.

Há um contentamento que é próprio dos resistentes. Dos que existem apesar de a maioria os considerar ultrapassados, anacrónicos, extintos. Há um prazer na teimosia; em ser como se é. Para mais, a embirração dos comunistas, comparada com as dos outros partidos, é clássica e imbatível: a pobreza. De Portugal e de metade do mundo, num Portugal e num mundo onde uns poucos têm muito mais do que alguma vez poderiam precisar.

Na Festa do Avante sente-se a satisfação de chatear. O PCP chateia. Os sindicatos chateiam. A dimensão e o êxito da Festa chateiam. Põem em causa as desculpas correntes da apatia. Do 'ensimesmamento' online, do relativismo ou niilismo ideológico. Chatear é uma forma especialmente eficaz de resistir. Pode ser miudinho – mas, sendo constante, faz a diferença.

Resistir é já vencer. A Festa do Avante é uma vitória anualmente renovada e ampliada dessa resistência. ... Verdade se diga, já não é sem dificuldade que resisto. Quando se despe um preconceito, o que é que se veste em vez dele? Resta-me apenas a independência de espírito para exprimir a única reacção inteligente a mais uma Festa do Avante: dar os parabéns a quem a fez e mais outros a quem lá esteve. Isto é, no caso pouco provável de não serem as mesmíssimas pessoas.

Parabéns!"

MIGUEL ESTEVES CARDOSO - Revista 'SÁBADO' 

 

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publicado por oblogdopovo às 08:54